Inter
Coudet mudou sua forma de jogar, time cresceu na adversidade e Inter foi recompensado com a vitória no Gre-Nal
- A vitória de um time que soube se adaptar diante da dificuldade. Lembra daquele discurso de mudar a forma de jogar, de mentalidade diferente, posse de bola, ataque e jogar bonito? Nada disso.
- O Inter desse clássico foi o Inter foi o que teve bem menos posse de bola que seu rival, 58% do Grêmio contra 42% do Inter. Isso mesmo, bem menos posse de bola. Mas sabe qual o placar? Vitória colorada. No final da partida, isso acaba sendo mais importante.
- A vitória acontece por conta de um cara: Alan Patrick. Ele fez a única jogada diferente até então. Deixou o Carballo sentado, cruzou e o Vitão cabeceia a bola. Sim, eu sei, teve o componente de sorte, mas só ajudou por conta dessa jogada. Alan teve muitas complicações porque o Dodi foi muito bem naquele setor do meio, mas a única jogada de inspiração do camisa 10 mudou o rumo da partida.
- Aliás, o gol aconteceu no momento mais fundamental de todos. Motivo? Alario não conseguiu pegar na bola e Coudet botou o Lucca. Em minutos, Lucca teve lesão muscular. Como tá cheio de desfalques, a saída foi abrir o Gustavo Prado na direita e jogar com o Wesley como válvula de escape. Foi o que aconteceu.
- A partir desse momento, o Inter virou totalmente a chave e focou em se defender. Coudet colocou Mercado, Igor Gomes e qualquer cara do sistema defensivo que tinha disponível. Ficou com uma linha de seis na zaga, quatro zagueiros de origem e dois laterais. Foi uma linha de seis, outra de quatro mais na frente, com apenas o Wesley contra o mundo.
- Tanto, que várias vezes a bola estava com o Inter e alguém tinha que segurar ela até todo mundo chegar. Foi o que deu pra fazer diante da falta de atacantes após as duas saídas e, depois, pela estratégia do Coudet.
- Aqui tem um ponto a pensar. Deu certo. O Inter foi extremamente disciplinado após tomar o gol. Todo mundo foi comprometido com a marcação, fechando espaços e não dando nenhuma chance do Grêmio entrar. A sensação que tinha é que poderiam jogar até amanhã e nada do time do Renato fazer gol.
- Wesley foi excelente na partida. A fase dele é maravilhosa. É bom vê-lo jogar. O cara é liso, passou pelo Reinaldo como quis. Passou e repassou. Pra mim, o melhor em campo. O melhor.
- Alan Patrick foi o mais decisivo, diga-se. A jogada dele deu a vitória que, penso, seria muito difícil por perder o Lucca. Ele decidiu. Porém, no jogo todo, o Wesley foi um terror para o Reinaldo. O lateral gremista vai ter pesadelos com ele.
- Fabrício precisa ser mega elogiado. A tranquilidade que ele passa no gol é assustadora. Pra um cara que jamais tinha jogado em equipe grande no Brasil, chegou jogando e mostrando que tem totais condições de ajudar. Que belo achado essa contratação. Um goleiro que não custou “nada” e tá entregando muito. E que história de vida o Fabrício terá para contar. Olha onde chegou.
- Já falei que Alario estava meio perdido na frente (embora saiba que qualquer bola que chega ele vai finalizar bem), mas quero falar aqui do Wanderson também. Ele não lembra nem de perto o atacante que foi um dia. Não sei bem o que aconteceu, apenas vejo que a confiança do atacante, que sempre acertava o que fazer, não está igual.
- Também preciso só registrar que o ideal teria sido fazer um gol a mais, né? Foram duas bolas na trave, Gustavo Prado e Aránguiz, e uma salvada do Geromel em cima da linha. Tudo isso no mesmo lance. Por favor, jamais seria o pessimista aqui, mas se dá uma zebra estaríamos falando que não mataram o jogo. Por isso, fica a lembrança apenas. Imagino que isso será assunto nas próximas seções de vídeo ou preleções do Coudet, pra focarem mais nisso.
- Passando por cima disso, vitória espanta qualquer insegurança que poderia acontecer. Vamos lá, as coisas não estavam boas até o jogo contra o Corinthians. Isso não é culpa da imprensa ou até torcida, como chegou a cogitar. É responsabilidade dos resultados que estavam ruins na repescagem da Sul-Americana e também derrota contra o Vitória. Após a instabilidade, parece que acordaram.
- E essa “acordada” aconteceu pela mudança na forma de atuar. Tanto o jogo contra o Corinthians como no Gre-Nal, o Inter soube sofrer, como amam falar os técnicos. Entendeu que nem sempre tu conseguirá ser protagonista com a bola e tudo mais. Tem momentos que o certo a fazer é dar uns passos para trás e ir subindo novamente até ganhar moral. Bater Corinthians e Grêmio ajudam imensamente nisso.
- Por fim, pode estar aqui uma amostra que o mental mudou no vestiário. O próprio presidente Barcellos nos disse estes dias que a campanha, em números, era boa, mas o time falhou na decisão e esse fato pesava pro torcedor. Tá aqui uma demonstração de evolução.
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