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Nem a tragédia justifica o que acontece no Inter

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  • Neste texto, farei uma análise sobre o jogo. É óbvio que precisamos dar um desconto em toda a avaliação por conta do contexto todo vivido. Só que não tem como medir exatamente quanto de desconto é o adequado. Portanto, colocarei aqui minhas visões e fica de cada um ver o quanto de “desconto” é o mais correto na sua visão.
  • A situação toda beira o inacreditável, mas, no fundo, é constrangedora. O Inter tem cinco pontos em quatro partidas. A campanha não tem só essa noite, ela já estava ruim antes mesmo de tudo acontecer. Já era uma campanha de empate com o Tomayapo. Agora, tem o agravante de mais uma derrota. E, pior, é certo que vai brigar por um segundo lugar na Sula. E isso não classifica. O segundo colocado do grupo disputa um mata-mata com algum terceiro da Libertadores pra ir para as oitavas. Nem a tragédia que vivemos justifica o que tá acontecendo.
  • O Inter começa o jogo bem. Domina as ações, tinha a bola e parecia que o gol era questão de tempo. Maurício teve uma chance de fora da área e todo mundo via que a única esperança era o Wesley na ponta fazendo algo na esquerda.
  • E o gol saiu por ali. Renê conectou Wesley, que cruzou com o lado de fora do pé porque estava sem muito ângulo e Borré marcou o dele. Parecia o melhor dos cenários. Inter vencendo e o Borré marcando pra dar ritmo e tudo mais. Baita engano.
  • Minutos depois, o Renê entrega um gol e aqui temos outra situação que não começou hoje. Renê, infelizmente, entrou em uma fase inconfiável desde os jogos contra o Fluminense e não saiu mais dele. É real que alguns jogos ele volta, joga bem, outros mantém a regularidade, mas não são novidades os lances que entrega. Isso não dá pra achar que começou nesta noite. Bem pelo contrário. Ainda no erro do gol, não consigo entender o que passa na cabeça de um jogador, tão dedicado como Renê é, que erra e volta pra marcar sem colar no único cara livre da grande área. Tem vezes que parece que a galera em campo buga, que não faz o óbvio. Eu sei que é fácil falar quando se está de fora, mas quem tá lá dentro é porque tem competência pra ver isso no momento do jogo. Por isso são tão reconhecidos.
  • Também não podemos fingir que tomar um gol e “desmoronar” é uma novidade. Bem pelo contrário. A preocupação com o lado mental do elenco vem de anos, inclusive. Aliás, já trocaram todos os jogadores e lado mental segue falhando. Porque bastou tomar o gol que todo aquele domínio desapareceu. O segundo gol, minutos após o empate, nos acréscimos do primeiro tempo, é difícil de aceitar. Os caras entraram como quiseram pelo lado direito defensivo, cruzaram e tinha alguém pra cabecear fraco pra rede. 
  • A partir dai, se imaginou que o intervalo solucionaria os problemas, que Coudet apareceria, faria suas intervenções, acharia uma solução. Que nada, o segundo tempo foi terrível, pior que o primeiro. Nem aquela dominação de tocar a bola no campo do rival com algum perigo teve. Vamos combinar, em nenhum momento se viu aquela pressão em busca do gol, aquele sentimento que a bola entraria a qualquer momento, nem que fosse na marra. Nada disso. Uma ou outra jogada inspirada bem isolada. 
  • Aqui, neste momento de partida, é claro que temos que pontuar a questão física, o tempo parado e tudo mais. Mas pra quem estava esperando jogadores atuando como se fosse o Garibaldi na Revolução Farroupilha (Baldasso achava isso), não foi nem perto, né?

Ricardo Duarte/Inter

  • Não consigo achar o que o Coudet faz correto. O Inter tinha enormes dificuldades de entrar. E, como solução, tira um zagueiro (Robert Renan) para colocar Aránguiz. ok, o Fernando recua, mas pra quem contratou tanto ter que improvisar é estranho. Como não bastasse, uma outra modificação é sacar Bustos e entrar Bruno Henrique. Alario entrou aos 44 do segundo e teve segundos em campo. Ruim, né?
  • Vitão teve 82 ações com a bola. E o Alan Patrick teve 87. Se formos olhar apenas passes dados, o Vitão deu 10 passes a mais que o Alan, camisa 10 e faixa, do Inter. Tá certo?
  • Todos queríamos ver Alan Patrick, Valencia e Borré. Coudet deu essa chance, mas nitidamente não foi dessa vez que deu certo. Fora o Alan Patrick não ter performado, ainda fiquei angustiado com o Valencia tão longe do gol. Caindo muito pelo lado. Lembra que todos falávamos que Coudet adorava jogar com dois atacantes e que agora seria a chance? Bom, a amostra é pequena, teremos que ver mais vezes para seremos definitivos, porém, se o Valencia ficar tão aberto, creio que o jeito de jogar está fadado ao insucesso. 
  • Bom, no final das contas, penso que nem a tragédia pode justificar o que aconteceu. Simplesmente porque não vimos nada diferente do que estava acontecendo antes. É como se tudo continuasse. O Inter não conseguiu mudar seus defeitos e o resultado foi igual ao que vinha tendo antes, pelo menos na Sul-Americana.

Ricardo Duarte/Inter

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