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Entenda como o Inter tem mais de meio bilhão em dívidas e o que fará para conseguir pagá-las

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Ricardo Duarte/Inter
  • A temporada de 2019 foi a de maior arrecadação na história do Internacional. R$ 444 milhões entraram nos cofres do clube. Fato que aconteceu muito pela venda surreal do Nico por 8 milhões de euros limpos que ficaram todos nos cofres do Beira-Rio. Mesmo assim, o Inter teve um deficit em 2019 de R$ 3 milhões. Sim, somando tudo que entrou e tudo que gastou, ainda deu prejuízo de R$ 3 milhões.
  • O problema é que a conta não para por aí. Muitas dívidas foram feitas em 2019 e as contas programadas para serem pagas em 2020. Pra você ter noção, o Internacional tem dívidas a curto prazo, que são chamadas da passivo circulante (traduzindo: contas que precisam ser pagas neste ano) chegando a incríveis R$ 316 milhões. É exatamente isso, mais de R$ 316 milhões em dívidas que teriam que ser quitadas só neste ano. Impagável.
  • Mas como se chegou a essa quantia? Só em empréstimos bancários o Internacional tem R$ 67,8 milhões a pagar em 2020. Ao todo, as dívidas com os bancos está perto dos R$ 100 milhões, mas “só” R$ 67,8 são para esta temporada. O restante tem prestações previstas para 2021 em diante.
  • Detalhe que, como garantia destes empréstimos, foi preciso alienar 20% da cota que vem da Rede Globo e 15% do valor recebido mensalmente com o associado. Essa é a garantia destes empréstimos.
  • Já outros R$ 48 milhões são obrigações com atletas e clubes e mais R$ 36 milhões com credores por compra de percentual de atletas. Somando estes dois tem R$ 84 milhões. Uma boa fatia disso são dívidas para empresários de futebol, as famosas comissões. E o restante são daqueles jogadores tipo Cuesta, que o Inter chegou em um acordo com o Independiente para enviar 1,3 milhões de dólares que faltam, mas ainda não pagou, mais 3,2 milhões de euros do Edenilson e Nico López, que a Udinese chegou até na FIFA e agora está sendo pago em quatro parcelas até 2021.
  • Tudo isso leva a incrível conta de R$ 316 milhões a curto prazo, ou seja, que deveria ser quitada em 2020.
  • E o que levou o clube a não pagar as contas e aumentar sua dívida? Um dos motivos é que o Inter gastava R$ 16 milhões por mês com o departamento de futebol no ano passado. Este foi o custo da estrutura montada em 2019. Tanto é que 24 jogadores foram liberados na virada do ano.
  • Outro é que, quando tu não paga as contas, a saída é renegociar com os fornecedores, pagar multas e também abraçar os altos juros dos bancos. Apenas nestes quesitos, o Inter pagou R$ 70,7 milhões em 2019. Isso tudo só em juros e multas. Convertendo, dá 13 milhões de euros. Pra efeito de comparação, o Flamengo comprou o Gerson da Roma por 11,8 milhões de euros.
  • É fundamental lembrar que não existem apenas as dívidas a curto prazo. Tem as dívidas a longo prazo também. Estas são menores, estão em R$ 193 milhões.
  • E outra boa notícia é que, dentro destes R$ 193 milhões, R$ 82 milhões são do Profut e estão financiados a coisa de 30 anos com o governo federal, que é uma mãe para os clubes brasileiros. As parcelas são bem baixas, a última do Inter foi de R$ 247 mil. Quase nada pra um clube de futebol.
  • O problema é que, somando curto e longo prazo, chegamos a R$ 509 milhões. Gente, é mais de meio bilhão em dívidas.
  • Como se não fosse bastante, estamos em meio a uma pandemia onde a direção já adiantou em documentos oficiais para os conselheiros que o prejuízo chegou a R$ 51,4 milhões em 2020.
  • Mas como vai pagar estas contas todas agora? Não paga. Não tem como pagar. Novos empréstimos terão que ser feitos, novas parcelas terão que ser estabelecidas para ir pagando as contas aos poucos. O problema é que o clube vai continuar pagando aqueles 13 milhões de euros (ou até mais) em juros e multas. Valor que poderia estar indo para comprar bons jogadores está sendo usado para pagar apenas juros.
  • E o resumo é isso: O Internacional não está pagando suas dívidas. Ele até paga algumas, como Forlán e Scocco, que existiam desde os tempos do presidente Luigi, mas faz outras no meio do caminho. Motivo? Investimento alto no time. A divida tinha sido reduzida pelo presidente Medeiros, porém, ele investiu pesado pra ser campeão o ano passado. Além do título bater na trave, as contas chegaram.

Aqui o balanço financeiro do Inter. Veja a página da direita:

Aqui o balanço financeiro publicado pelo próprio Inter – Reprodução

  • No balanço é fundamental desconsiderar os valores colocados em “receitas diferidas” e “cessão por direito de exploração”. Estes são valores contábeis apenas. Não há grana real envolvida. A cessão por direito de exploração são as partes do Beira-Rio que estão cedidos para a BRIO explorar. Isso não é pago com grana. Nos cálculos acima, eu já excluí estas quantias.
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