Um esclarecimento importante dos erros e acertos da direção do Inter em 2017

Roberto Melo quase foi às lagrimas na coletiva após o último jogo da Série B. A temporada foi pesada pra ele.

Remontar todo um elenco, contratar e mandar embora dois treinadores, passar dificuldade na Série B e não ter muito dinheiro, foram algumas das dificuldades.

A verdade é que ser vice do Inter não é fácil pra ninguém. O clube é muito grande, a torcida e a imprensa cobram bastante e a estrutura incrivelmente ainda não é profissional. É quase tudo com uma ou duas pessoas.

Esse é um problema que ele e Medeiros tem a oportunidade de melhorar. Neste primeiro ano é compreensível que não tenham conseguido, mas é preciso evoluir. Contratar pessoas para se dedicar 24h por dia ao clube e eles, os dirigentes, apenas tomam as decisões.

Pesa a favor de Melo que ele mais acertou do que errou. Isso é importante. As contratações de Cuesta, Uendel, Edenilson, Pottker, Damião e Camilo mostram que o Inter tem uma base para 2018.

Mas os erros não podem ser escondidos, Carlinhos, Carlos, Gutiérrez, Cirino, Roberson e do zagueiro Neris não foram bem sucedidas.

Outra consideração importante são as demissões de treinadores. Estes dias ouvi o seguinte: “essa direção não gosta de demitir”.

Parceiro, ninguém gosta de demitir. Se tu tem que fazer isso, é porque o time tá mal.

Só que Roberto Melo está sendo, neste aspecto, igual a todos os outros. Banca o cara até certo ponto. Depois, demite como todos os dirigentes brasileiros.

Confesso que lá em janeiro, achei que ele seria diferente neste ponto. Não é. Isso não lhe faz ruim, apenas igual a todos os outros.

Na coletiva deste sábado, ele disse que um dos seus erros foi não mostrar pra torcida o quanto esse ano seria difícil, o quão complicado seria financeiramente por não ter adiantamento da TV. Não concordo. Uma das coisas que mais essa gestão fez foi falar da gestão passada. Nem sempre no ar, mas a toda hora vazavam informações do que ocorreu quando Piffero comandava.

Esse é um problema crônico do Inter, não tem santo na parada. Piffero fez um café com a imprensa e passou a manhã toda apresentando as dívidas deixadas por Luigi, Medeiros e Melo. Que eles adiantaram R$ 35 milhões da TV, que deixaram dívidas do Forlán e Scocco, não pagaram as premiações do Brasileiro pros jogadores (só pro Abel), que fez empréstimo de R$ 20 milhões no Banrisul e ainda pediu R$ 50 milhões de suplementação no Conselho.

Tudo isso foi feito na gestão Piffero e se repete na gestão Medeiros. São sempre as mesmas reclamações.

A verdade é que o Inter precisa olhar pra sua história e ver que só quando teve uma pacificação proposta por Carvalho é que as conquistas vieram.

Aliás, Fernando é um monstro, realmente diferenciado. Mesmo na sua passagem em 2016 ele demonstrava saber das coisas. Errou, é verdade, tem sua culpa, mas é ótimo conselheiro. Veja bem, conselheiro. Melo e Fernando são grandes amigos, compartilham churrascos juntos. Isso é positivo. Só não pode deixar outra pessoa tomar as decisões do clube.

Por fim, em outro momento da entrevista, o vice lembrou que, quando chegou aqui, os jogadores da base não tinham rodagem, que nunca tinha sequer jogado no profissional. Saiu deixando Alisson e Valdívia pro time de 2015 e não recebeu jogadores prontos.

Ok, mas Valdívia, Eduardo, Andrigo e Ferrareis, todos estavam, tinham rodagem, e foram negociados pela direção. Foi uma escolha dos dirigentes não aproveitá-los.

Sem contar que o time de 2014/2015 era impagável. Folha de R$ 12 milhões mês. Isso quebra um clube.

Enfim, não penso que Roberto Melo tem sair, bem pelo contrário. Neste momento, ele é o melhor cara pra função. É dedicado, acompanha o mercado e significa uma renovação. Tem vários acertos, alguns erros, como todo mundo.

Merece receber a chance de comandar o futebol na Série A.

Mas torço pro Inter evoluir como instituição em 2018. Será meu pedido pro Papai Noel.